Descrição
Abro os olhos, já é de manhã, e ele ainda dorme virado de costas para mim. Será que ainda é como antes? Será que ele, ao perceber em seu meio-sono que já acordei, vai pegar meu braço com a mão e passá-lo ao redor do seu corpo, querendo que eu não saia da cama? Ele que sempre dormiu mais do que eu, mas há meses acordo sozinha na minha própria casa, longe daquele corpo tão conhecido. Não gosto de observá-lo dormir. Há alguma coisa vulgar e ofensiva no rosto de um homem que ainda dorme após todas as horas da noite. Mas sinto uma ternura confiante e poderosa de percebê-lo vulnerável ao meu lado, alheio ao mundo, indefeso na escuridão de seu sono. Ele entregou a mim uma noite em sua companhia, depositou-a em minhas mãos como se dissesse: de você não tenho medo. Mesmo depois dos meses em que estivemos longe ainda confia em mim e dorme nu, sem pudor, ao meu lado.
Avaliações
Não há avaliações ainda.