Descrição
CAPÍTULO UM
– Tu pode processar a Philip Morris.
Quem disse isso foi o dono do mercadinho. Eu não estava bem certo de como ele sabia da história toda, uma vez que nunca trocamos mais do que duas palavras. Geralmente nossos diálogos eram:
– Um Marlboro vermelho.
– Dois pilas. Algo mais?
– Só. Obrigado.
Eu nunca tirava meus fones de ouvido, então não sei se ele falou mais alguma coisa. De qualquer forma, só ouvi a parte do processo.
– Não faz diferença. Dois pilas, né?
Como sabia a resposta, larguei o dinheiro no balcão, agradeci e fui embora. Precisava pagar a luz, ligar para ospros guris da loja, dar um pulo na biblioteca. E não podia esquecer do hospital. Os exames estavam prontos e, querendo ou não, eu precisava buscá-los. Eu, definitivamente, não queria.
Fones no ouvido, peguei o caminho pela orla. Passei por umas trezentas lotéricas, mas acabei não pagando. A curiosidade sobre os exames dizia que era melhor passar no hospital primeiro. Era um paradoxo, na real. Eu não queria ir até lá. Ou talvez quisesse. Não é fácil ser um bipolar.
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