Descrição
ritmo do bombear constante de sangue, ecoando por meu imenso vazio
interior, me sondando como um lobo à espreita. Se fechar meus olhos posso sentilo
na ampla escuridão. Engraçado como é um ritmo seco, oco. Fico imaginando
se não é o tipo de som que se escutaria no espaço, se isso fosse possível. Não o
som de antigas e saudosas canções dos anos 50, viajando confusas em ondas de
rádio para fora do sistema solar, mas o som seco e primitivo da solidão cada vez
maior e mais próxima. E os planetas bailam a sua volta, numa triste e fascinante
coreografia que se repete desde o começo dos tempos, com leves alterações e
ajustes.
E, à medida que nos aproximamos da Terra, a solidão se torna mais evidente,
ganha peso, força (porque há mais gente). Percebemos-a sobre a desolada,
desértica, descontente Lua: símbolo dos desvarios e outros amores. Imagino
todos os solitários que já se suicidaram sob sua tênue luz. Quantos não se foram
levados pelo fascínio que seu lado escuro provoca? Quantos já inutilmente não
se apaixonaram uma vez?
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