Descrição
Ao segurar uma das alças do caixão de seu filho, Roberto chorou
copiosamente. Até onde teria culpa no destino de seu filho? O pior de tudo era
o calor. Esse havia sido o verão com as maiores temperaturas em muitos anos.
E justo no último dia da estação, Deus parecia haver caprichado — o sol estava
escaldante, céu azul, sem nuvens. Um péssimo dia para se estar de preto. Ao
menos era bonito o dia em que todos se despediriam de Hugo. Apenas onze
anos, isso não é idade para alguém morrer.
Junto com a família, estavam os amigos e vizinhos. Ninguém ainda havia
entendido o que havia acontecido. Foi tudo tão repentino. Ninguém sabia ao
certo como reagir, se com indignação ou tristeza.
Joana, a mãe de Hugo, estava a base de calmantes. Agarrava-se a avó do
garoto, Dona Gertrudes, que sabe-se de onde tirava forças para consolar a filha.
Talvez pelo fato de já ter perdido um filho de maneira estúpida, ou apenas
cumprindo seu dever como mãe, a senhora de setenta anos mantinha-se como
uma rocha, tentando passar uma tranqüilidade que sabia ser necessária nessa
hora.
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