Descrição
Chegamos ao quarto e só consigo pensar que o cheiro que toma conta de todo o lugar faz muito sentido nessa noite. Ela me olha e sorri jogando o cabelo pra trás e pergunta se já estive aqui antes, e depois do meu “não”, diz que é uma delícia. Senta-se no canto da cama e começa a apertar um baseado. Pede um beijo… Faço sua vontade e sinto o calor do corpo dela acariciar, devagar, meu ombro. Ela fala arrastado ao lamber delicadamente a seda e me perco observando os detalhes da tinta descascada nas paredes cinzentas do quarto. Nada aqui lembra um motel. Percebo que bebi demais quando começo a achar engraçado que os lençóis estejam completamente desarrumados. No canto, sobre um pequeno criado mudo, apenas uma toalha branca dentro de um saco plástico. O barulho da rua entra pela janela e se confunde com o ruído dos outros quartos. Ana, com o olhar perdido, começa a fumar e conta que sempre me observa passando por aqui, e que tenta imaginar o que faço, onde moro, todo esse tipo de coisa. Hoje, então, resolvi dizer qualquer besteira e cá estamos, olhando nos olhos um do outro sem perceber o quê de tolice existe nisso tudo.
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