Descrição
Não amanhece há dois dias.
Também não dormi pra diminuir a espera, a atmosfera tem o soluto do petróleo. O sol não mais divide o período em dia e noite. Não vemos a divisa do tempo, o globo permanece coberto pela poeira. Andamos com guarda-chuva pra guardar-nos das cinzas. O nome do problema é resistência.
Cem mil homens não acreditam que um ato se desdobra em dois como célula-tronco, em qualquer tecido do mundo. Os cem quiseram evitar o mergulho do submarino, não querem que marinheiros façam o oceano comer a poeira do ar. O projeto inclui despejar no mar outra poeira, sintética e de moléculas anãs. A tal absorveria o hidrogênio da água e a deixaria tão leve que seu corpo se transferiria da bacia dos oceanos para o céu, choveria de trás pra frente. O sol secaria a umidade aérea, o sal iria junto e ele mesmo clarearia o cinza, e sim, o submarino faria amanhecer.
Os cem mil homens resistem, querem proteger peixes e algas. Não trocam o dia pelo ômega três, seis ou nove. O sal marinho retém água, ao se aproximar do calor da estrela, se faria concorrente e ganharia pelo tamanho, menor e forte, cristalino e constante. O sal é que faz a substância de uma célula ter permissão para entrar em outra. Guarda os líquidos em recipientes honestos, tem autorização porque zela o excesso.
Meu trabalho no submarino é simples: cuidar da comida e de alguns termômetros. Como enlatado, bateria ovos em neve se pudéssemos abrigar meia-dúzia de zigotos.
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